O ex-cubano de 29 anos é a principal estrela da seleção do Qatar, país com tradição em importar atletas de outras nacionalidades, seduzindo-os com bons salários, para reforçar seus esportes individuais e coletivos.
Com 20 anos, Capote era considerado uma das grandes promessas da modalidade na ilha de Fidel Castro. Sua fuga da Vila Pan-Americana, em Jacarepaguá, teve contornos cinematográficos e uma viagem de táxi do Rio para São Caetano do Sul (SP) que lhe custou US$ 300 (R$ 565 na cotação da época).
Aproveitou um dia chuvoso e vacilo de seguranças e chefes da delegação de seu país para dar a maior reviravolta de sua vida. A fuga teve como destino a casa do amigo cubano Michel, que havia desertado em 2005 e estava defendendo o Imes/São Caetano, equipe que foi a casa de Capote nos poucos meses que passou no Brasil. Ficou na equipe do ABC por cerca de um ano até se mudar para a Itália e, dali, engatar a carreira na Europa.
Hoje, com muito mais experiência em seu currículo e sem precisar viver como um asilado político ou fugindo das autoridades do país, Capote deixou para trás o status de promessa para se tornar realidade. No Qatar, encontrou as condições ideais para viver e seguir se destacando no cenário internacional do handebol após passagens por clubes do primeiro escalão da Itália e da Espanha.
Desde o fim de 2013, defende o Al Jaish, onde recebe cerca de 300 mil euros (R$ 877 mil) por temporada, e foi um dos vários escolhidos pela federação local para se naturalizar a fim de fortalecer a equipe para não fazer feio como anfitriã do Mundial. Sites especializados o colocam como o maior salário da história do esporte, somado salário às cifras que ganha para competir pela nova nação.
Foi artilheiro do time no último Mundial, com 36 gols em seis jogos, sendo o principal responsável pela campanha histórica que levou um país sem tradição no esporte ao posto de segunda melhor equipe do planeta.
O Qatar blinda Rafael Capote, que durante o Mundial ocorrido no país, em 2015, recusou entrevistas. No treino da última terça-feira, no Rio, a delegação sequer deixou mostrar imagens dos treinos e vetou entrevistas. Na quarta, o ex-cubano esteve com sua delegação na recepção de boas vindas da Vila Olímpica. Com crachá abaixo do agasalho, disse que não poderia falar com a imprensa por decisão dos chefes de sua delegação.
Apostando em naturalizados, o Qatar foi vice-campeão mundial em 2015 atuando em casa e chega ao Rio como um dos favoritos para buscar uma medalha. A estreia da seleção será no dia 7 de agosto, às 9h30 (de Brasília), contra a Croácia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário