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domingo, 31 de julho de 2016

A vida de marajá do antes vice Michel Temer

Durante o período em que foi vice-presidente de Dilma Rousseff, o atual presidente em exercício, Michel Temer, ostentou viagens grandiosas e caras e, em alguns casos, chegou a solicitar ao Itamaraty mais recursos para pagar as despesas. O levantamento feito pela Folha de São Paulo leva em consideração os dados de telegramas produzidos por embaixadas brasileiros e divulgados pela Lei de Acesso à Informação.

Quando Temer viajou para Turquia em 2012, a União gastou US$ 16 mil (R$ 52 mil) por três diárias em um quarto duplo em um hotel de luxo em Istambul, onde se hospedou. Ele esteve no país entre o dia 30 de maio e o dia 2 de junho para o evento "2ª Conferêmncia sobre a Somália", abertura do Fórum de Parceiros de Aliança das Civilizações e de encontros com autoridades.

Cerca de 30 pessoas acompanharam o então vice-presidente na viagem, entre servidores do Itamaraty, assessores e militares da equipe de segurança. A comitiva gastou US$ 56 mil apenas em diárias em dois hotéis, fora US$ 21 mil em aluguel de veículos, incluindo duas Mercedes Benz, seis BMW, quatro vans Sprinter com capacidade para 12 pessoas cada, dois Mondeo e até um caminhão-baú para bagagens.

Foram mais de US$ 4.000 por aluguel de duas salas no hotel para reuniões e entrevistas e US$ 2.100 por um intérprete em período integral. Durante dois dias, Temer teve ao seu lado um fotógrafo turco exclusivo, também em período integral, e gastou US$ 944 pelo serviço prestado pela Kristal Fotograf.

Ao todo, e sem contar despesas com deslocamento por avião e diárias dos servidores, a ida de Temer a Istambul custou cerca de R$ 328 mil. Todos esses gastos tiveram que ser assumidos pelo Itamaraty, em Brasília, a partir de "solicitações de recursos" enviadas pelo embaixador Marcelo Jardim.

Além disso, entre 2011 e 2016, o então vice fez pelo menos 15 viagens internacionais. Deslocamentos com grandes comitivas aparecem com frequência nos telegramas enviados pelas embaixadas ao Brasil. Quando a embaixada pedia mais dinheiro, os valores apareciam. Em setembro de 2011, por exemplo, o cônsul-geral do Brasil em Nova York (EUA), Seixas Corrêa, solicitou US$ 45 mil (ou R$ 145 mil) para que pudesse pagar a empresa de aluguel de carros Peniel Limousine Service, contratada pelo critério do menor preço, para a viagem de Temer. A explicação foi que, "de acordo com o costume local, o pagamento deve ser antecipado".

Para o deslocamento, o Itamaraty alugou cinco noites de uma suíte luxo para Temer e sua mulher, Marcela, e mais dez apartamentos duplos e seis singles para a equipe de segurança. O motivo foi a participação no "3º Fórum de Desenvolvimento Sustentável", criado pelo empresário Mario Garnero. Neste caso, os valores das diárias não foram revelados nos telegramas.

A agenda da viagem a Nova York diz que não houve compromissos oficiais no dia 24 daquele mês. No dia seguinte, um domingo, seu único compromisso foi ir a concerto da Orquestra Filarmônica Bachiana, sob a regência do maestro João Carlos Martins, no Lincoln Center.

Pouco depois da passagem por Nova York, Temer teve uma viagem mais emotiva. Entre 18 e 22 de novembro de 2011, foi a Beirute, capital do Líbano, e a Btaaboura, descrita pela embaixada como "a cidade natal dos Temer", "local de origem dos pais do vice-presidente, que emigraram ao Brasil na década de 20".

Os gastos dessa viagem também não foram revelados nas mensagens diplomáticas. Em telegrama, o embaixador resumiu: "Em momentos de descontração e informalidade, Temer inaugurou rua com seu nome, participou de almoço típico oferecido pela comunidade local, visitou a antiga casa dos pais e reencontrou parentes. No retorno a Beirute, passou pela cidade turística de Jbeil (Biblos)".

Resposta
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República informou que Michel Temer, quando vice-presidente, "sempre procurou economizar recursos públicos em seus deslocamentos ao exterior" e que ele empregava equipes com número reduzido de auxiliares em viagens nacionais e internacionais e optava, sempre que possível, pela hospedagem mais econômica compatível com o seu cargo. "Além do que, em muitos países, a hospedagem era oferecida e paga pelo governo local, como é praxe diplomática."

A secretaria informou que Temer, na vice-presidência, só fez viagens oficiais com o objetivo de estreitar relações políticas, solucionar problemas diplomáticos e atrair investimentos ao Brasil.

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