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sábado, 27 de agosto de 2016

Tesoureiro de Dilma envolvido em falcatruas em 2014 esconde o PT na campanha de prefeito

A primeira imagem do programa eleitoral do programa eleitoral de TV do candidato à prefeitura de Araraquara, no interior paulista, Edinho Silva (PT) é de uma senhora que olha para a câmera e pede: “Volta, Edinho”. Embora seja apenas mais uma peça publicitária, o pedido deve ecoar na cabeça do homem que já foi uma das figuras-chave na estrutura política do PT e ministro forte do segundo governo Dilma Rousseff como um eventual (e necessário) retrocesso.

Ele, porém, enfrenta sérias dificuldades. No início deste mês, a Procuradoria da República no Distrito Federal requisitou à Justiça Federal a abertura de inquérito para investigar suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro pelo ex-ministro da Comunicação Social. Além disso, sua performance como tesoureiro da campanha petista de 2014, que resultou em arrecadação de R$ 318 milhões, tem sido investigada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ou seja, caixa 2 é um termo que ainda assombra o candidato – e barreiras para pretensões cosmopolitas.

O quadro é bem diferente quando olhamos de perto, quando olhamos para um ponto localizado a 251 km da capital, quando olhamos para Araraquara. Segundo a mais recente pesquisa Ibope, Edinho vai bem. Ele aparece com 36% das intenções de voto – seguido pela ex-mulher Edna Martins (PSDB), com 15%; Aluísio Boi (PMDB), 9%; e João Farias (PRB), 7%.

A eleição local tem suas particularidades. Edinho já foi prefeito de Araraquara por dois mandatos (2001-2008). Tem um recall enorme entre um eleitorado que ainda “não entrou na campanha”. A reportagem perguntou para eleitores quem eram os candidatos à prefeitura e, invariavelmente, o primeiro a ser lembrado (quando não o único) era Edinho. Como se não bastasse, não se veem bandeiras, cartazes, santinhos ou militância nas ruas. A “frieza” do embate político tem beneficiado o nome “famoso”.

Desconstrução.
O deputado estadual Roberto Massafera (PSDB-SP), um dos coordenadores da campanha de Edna, diz que o trabalho da oposição é desconstruir a imagem de administrador competente que teria grudado em Edinho. “Ele administrou a cidade no auge do governo Lula. O dinheiro jorrava, e a proximidade dos dois favoreceu. Hoje, ele não tem mais força no governo, não tem interlocução. Seria desastroso”, diz.

Mas o recall sozinho não explica a predominância do candidato petista. Petista? Sim, Edinho é um quadro que pode ser considerado histórico no PT, mas sua campanha omite a estrela, o vermelho, Lula e Dilma.

O primeiro horário eleitoral gratuito não citou nada que pudesse lembrar o partido. Lula não está lá, Dilma também não. Toda a comunicação visual da campanha é azul e verde. Em panfletos e cartazes, a estrela do PT aparece tímida, estilizada, em um fundo branco. “O marqueteiro do Edinho está escondendo o PT da campanha”, diz João Farias, adversário do petista. Edinho responde a essa insinuação dizendo que “é um candidato de coligação e não só do PT”.

No lançamento de um candidato a vereador na noite de quinta-feira, Edinho mostrou que a ênfase da sua campanha são os temas locais – falou-se de creches, programas de saúde e outras benfeitorias. “Nós temos de trazer os temas nacionais para a campanha. A cidade não pode servir de advogada de um candidato”, diz Aluísio Boi (PMDB), outro adversário.

Por falar em temas nacionais, Edinho tem falado sobre o impeachment de forma genérica. “É preciso separar o que é boato do fato. Mas os eventuais erros devem ser assumidos”, diz.

Em família.
O “passeio” momentâneo de Edinho tem mais uma explicação: seus adversários. Edna faz uma oposição respeitosa (ela foi casada com o petista e tem um filho com ele). A campanha tucana dela não tem “batido” nas questões nacionais ou éticas envolvendo o ex-marido petista. A relação entre os dois é boa e parece que não deve ser estremecida.

Já o candidato Aluísio Boi tem o ônus de ser do mesmo partido do atual prefeito. Como a avaliação de Marcelo Barbieri (atual prefeito) não é boa, Aluísio tem dificuldades de crescimento. Já Farias foi chefe de gabinete de Edinho na prefeitura. Apesar de ser o adversário que mais “bate”, a população parece não perdoar aquilo que entende como “traição”.

Se fora de Araraquara Edinho ainda deve enfrentar desafios e dificuldades, na cidade ele continua praticamente intocável. Talvez ele esteja dando aquele passo para trás que, a médio ou longo prazo, pode até se transformar em “dois para frente”.

Defensor de Dilma vira piada no Senado ao dizer que 'presidenta' teve "excesso de responsabilidade"

Rebaixado da condição de testemunha pela defesa da presidente afastada, Luiz Gonzaga Belluzzo afirma que impeachment é um atentado à democracia


O economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse durante a sessão do julgamento do impeachment desta sexta-feira (26) que a presidente afastada Dilma Rousseff foi "excessivamente responsável" com as medidas fiscais de 2015 e afirmou que “o afastamento da presidente pelos motivos alegados é um atentado à democracia”. Ele foi a primeira pessoa indicada pela defesa da presidente afastada a ser ouvida na segunda sessão do processo.

A declaração provou risadas no plenário e o economista virou a piada do dia no Senado.

Segundo Belluzzo, o impacto provocado pela edição dos decretos suplementares, mesmo sem autorização do Congresso Nacional, foi “ridículo”. Ele fala na condição de informante a pedido do advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, que solicitou a mudança para evitar novos tumultos na sessão – marcada por debates em torno da suspeição das testemunhas arroladas.

O economista explicou que, no momento em que os decretos presidenciais foram expedidos, “a presidente tinha feito um contingenciamento de R$ 70 bilhões e posteriormente outro de R$ 8,5 bilhões", disse. A medida, segundo ele foi tomada, sem sucesso, na tentativa de compensar os efeitos da queda de arrecadação. "Foi excesso de responsabilidade fiscal”, declarou.

Belluzzo afirmou que, ao contrário do que sustenta a acusação, em 2015, “houve uma 'despedalada' porque, no momento em que a economia estava perdendo receita, a presidente fez o contingenciamento". "Isto se chama ação pró-cíclica”, completou.

Ele acrescentou que, já em 2014, previa que o ajuste fiscal iniciado naquele momento teria as consequências que teve. "A política fiscal executada ao longo de 2015 levou a uma contração brutal da receita. Fazendo uma analogia entre a economia e um pugilista abatido, Belluzzo afirmou que “para reanimá-lo, [o governo] lhe deu um soco na cabeça".

Sobre o Plano Safra, Belluzzo destacou que os efeitos de um corte do benefício direcionado a agricultores “seriam muito graves porque você desampararia a agricultura brasileira”. O economista ainda afirmou que a atuação do governo não configura uma operação de crédito, mas sim uma operação fiscal.

“Uma operação de crédito é uma coisa muito bem definida: em que alguém cede dinheiro para receber de volta mediante pagamento de juros. A relação de crédito está estabelecida entre o Banco do Brasil e o mutuário do setor agrícola. Por que isso não está contemplado no Orçamento, o subsídio que deve ser destinado ao Plano Safra? Está. Então isso é uma operação fiscal, não é uma operação de crédito, claramente não é”, disse.

O economista foi questionado apenas por parlamenteares que defendem a manutenção do mandato de Dilma Rousseff. Para dar celeridade à oitiva das testemunhas da acusação, os senadores favoráveis ao impeachment abriram mão de fazer perguntas.

Perplexo e esperando ser preso, Lula diz que diz que 'nem nos piores momentos' imaginou a atual situação

Pouco após ter sido indiciado pela Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta sexta-feira para se encontrar com a presidente afastada, Dilma Rousseff. Na volta da visita, já prestes a embarcar de volta a São Paulo, o ex-presidente fez um desabafo a aliados:

– Nem nos piores momentos da minha vida eu imaginei que aconteceria o que está acontecendo hoje.

Lula debateu com Dilma a presença dela na sessão do julgamento do impeachment no Senado, marcada para a próxima segunda-feira, e fez uma avaliação negativa do que já ocorreu até agora. Segundo relatos, ele não tem expectativa de virada no impeachment e disse que, se algum voto mudar, será uma surpresa.

– Não adianta vir aqui achar vai virar um ou outro voto. Mas, se fosse qualquer outra pessoa no lugar dela, tenho certeza que reverteria – disse um petista que esteve com Lula.

O ex-presidente está preocupado com o discurso que Dilma fará na segunda-feira. Ele quer um tom politizado, sem focar em argumentos técnicos. Algo para “entrar para a história”, em que fique registrada a denúncia do “golpe”. Mas teme que sua sucessora não o escute, a exemplo do que fez diversas outras vezes, e perca a oportunidade de ajudar a construir uma versão futura para o PT.

– Ela não deve ficar entrando em detalhes de pedaladas, tentando convencer alguém com argumentos técnicos. Tem que olhar para frente, denunciar a agenda que eles querem implementar, privatizar a Petrobras, entregar tudo para o capital privado, e por isto deram o golpe – relatou um dos senadores que esteve com Lula.

Os aliados que estiveram com o ex-presidente nesta sexta afirmaram que ele estava muito abalado, como se tivessem finalmente “caído as últimas fichas”. E também muito preocupado com o futuro do PT. Para Lula, é importante ganhar a versão dos fatos, mesmo perdendo o processo, e dando um indicativo do que será a luta para o futuro para o partido.

Havia dúvida sobre a presença de Lula no plenário do Senado durante a fala de Dilma, mas ele decidiu que estará no momento para prestar solidariedade:

– Eu vou, é uma questão de solidariedade – disse aos aliados, emocionado.

No próprio aeroporto da capital, o ex-presidente se encontrou com um grupo de senadores do PT para fazer uma análise do cenário. Jaques Wagner, ex-ministro de Dilma, acompanhou Lula na visita. Wagner e a mulher dele, Maria de Fátima Carneiro, estão entre os convidados da defesa que estarão presentes à sessão de segunda-feira, quando Dilma irá depor no Senado.

Na reunião com Lula, estavam presentes os senadores petistas Paulo Rocha (PA), Jorge Viana (AC), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE). A expectativa é que nem mesmo a presença de Dilma sirva para mudar votos:

— Acho que não mudará muita coisa depois da fala dela. A esta altura, todo mundo já definiu seu voto. Claro que vamos continuar trabalhando, mas acho difícil virar o jogo — admitiu Paulo Rocha.

Lula retornou ainda nesta sexta a São Paulo. O ex-presidente somente voltará a Brasília no domingo, para participar da sessão do julgamento em que Dilma estará presente no Senado.

Léo Pinheiro entrega em delação premiada que triplex era propina para Lula

Um tríplex em Guarujá (SP) destinado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria abatido das propinas que a OAS tinha de pagar ao PT por obras na Petrobras, disse o empreiteiro Léo Pinheiro a investigadores da Lava Jato.

O depoimento, consta da negociação de delação premiada de Pinheiro, que foi suspensa pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após vazamento de uma informação anterior, que mencionava o ministro do Supremo Dias Toffoli.

Também são citados por Pinheiro a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB).

"Ficou acertado que esse apartamento seria abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras", disse Pinheiro, sobre conversa com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto em 2010.

"Nesse contato, perguntei para Vaccari se o ex-presidente Lula tinha conhecimento do fato, e ele respondeu positivamente [...]", completou.

Pinheiro afirmou ainda que a reforma feita no tríplex pela OAS "não seria cobrada do ex-presidente", porque seria abatida "também como uma retribuição dos serviços prestados por Lula com a OAS na área internacional".

Em outra parte da delação, o empreiteiro tratou do sítio em Atibaia (SP) atribuído a Lula. Pinheiro disse que o petista solicitou "abertamente", em 2014, uma reforma no sítio, sem perguntar quanto custaria nem mencionar como seria paga.

Da mesma forma, disse, ficou "implícito que a OAS atuaria e seria remunerada com o abatimento dos créditos com o PT e em retribuição ao serviço prestado por Lula em favor dos negócios internacionais da empresa".

Pinheiro disse ainda que contratou Lula para uma palestra na Costa Rica, em 2011, por US$ 200 mil. A OAS tinha interesses no país e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, havia dito que o petista poderia "influenciar autoridades locais em prol dos negócios da OAS".

Após a palestra, segundo Pinheiro, Lula o levou a um jantar com a então presidente Laura Chinchilla.

Em outra parte do acordo de delação, o empreiteiro disse que pagou caixa dois à campanha de Dilma em 2014, por meio de contrato fictício com a agência de comunicação Pepper. Foram três parcelas de R$ 239,3 mil, segundo Pinheiro —valor solicitado pelo então tesoureiro Edinho Silva "para o pagamento de despesas da campanha".

Por fim, Pinheiro disse que, a pedido de Okamotto, custeou a armazenagem de bens pessoais de Lula a partir de 2010 – quando ele ainda era presidente –, em troca de ajuda para a OAS no exterior.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Só faltou Renan cantar para petistas: "Você pagou com traição... a quem sempre lhe deu amor..."

Dizendo-se arrependido do bate-boca desta sexta (26), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou sentir-se vítima de ingratidão de petistas. Ele disse que ainda não decidiu se votará ou não no julgamento do impeachment de Dilma Rousseff.

Renan se queixou das críticas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), com quem discutiu mais cedo no plenário. "Vou propor um agravamento da pena por ingratidão no Código Penal", ironizou.

O peemedebista repetiu que intercedeu a favor da senadora quando a Polícia Federal fez buscas em seu apartamento funcional e quando ela foi indiciada na Operação Lava Jato.

"Achei estranha a provocação dela, porque a memória está presente", disse Renan. "Não adianta quererem me atrair para a confrontação política. É injusto e desproporcional me transformarem em personagem do impeachment."

O senador também reclamou das cobranças dos dilmistas Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB). "O Lindbergh me acusar de estar jantando com o Michel [Temer]? Ele devia acusar os adversários dele lá do Rio", disse.

Apesar das queixas, Renan disse estar arrependido do confronto com Gleisi. "Eu me arrependo. Eu não devo responder a provocações", afirmou. "Depois eu tenho uma ressaca brutal. Eu não sou talhado para isso."

Questionado se já havia recebido um pedido de desculpas da petista, Renan voltou a ser irônico. "Parece que ela me ligou, mas eu não consegui atender", disse.

Renan negou que o bate-boca tenha sido um sinal de que ele pretende votar a favor do impeachment. O senador se absteve em todas as votações do processo até aqui.

"Quem está especulando sobre isso é porque realmente não me conhece", disse. "Eu ainda não decidi, estou refletindo. Este processo é longo e traumático. E a reflexão também."

DILMA
O presidente do Senado disse que espera menos confrontos no depoimento de Dilma, marcado para segunda (29). "Acho que vai ser mais civilizado do que esta sexta", disse.

Ele acrescentou que visitou a presidente três vezes desde que ela foi afastada, em maio. "Garanti todos os direitos dela. Fiz o que humanamente era possível", afirmou.

Indicando que considera o impeachment inevitável, Renan acrescentou que pretende viajar para a China com Temer na semana que vem, após o fim do julgamento.

No pastelão promovido no Senado, só faltou no final Renan cantar para os petistas: "Você pagou com traição... a quem sempre lhe deu amor..."

Plano B do PT, Marina Silva reaparece e agora defende impeachment

A líder do Rede Sustentabilidade Marina Silva, candidata à presidência em 2010, 2014 e possivelmente em 2018, reapareceu e voltou a defender o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Em coletiva de imprensa em Curitiba nesta sexta-feira (26), a ex-petista agora destaca que o processo vai "passar o Brasil a limpo".

"Uma democracia não tem como ser saudável se o abuso do poder econômico, esquemas de corrupção ou o desrespeito à lei passarem a ser o procedimento para se chegar ao poder", alegou a ex-petista.

Marina voltou defender que houve crime de responsabilidade no governo Dilma, mas criticou o presidente interino Michel Temer (PMDB), que para ela tem os "mesmos problemas do governo anterior", e pediu novas eleições. "O modus operandi, inclusive, é o mesmo, com troca de pedaços do Estado para ter maioria no Congresso, e com pessoas comprometidas na Lava Jato", completou.

A ex-ministra não deixou, contudo, de fazer elogios à equipe econômica do governo interino, "sem sombra de dúvida competente", ao mesmo tempo em que fez críticas ao desenrolar dos planos econômicos. "Eles diziam que iam reduzir o déficit público, e a gente só vê ele aumentar. Diziam que iriam reduzir cargos, e aprovaram mais contratações. O tempo todo dão sinais trocados."

Ela pediu também que o TSE julgue a ação contra a chapa de Dilma e Temer. "A Justiça já tem todos os elementos. O próprio marqueteiro da campanha [João Santana] diz que teve dinheiro de caixa dois."

Dilma continua apelando para clichês e diz que 'resiste para honrar as mulheres do Brasil'

Poucos minutos após a abertura do segundo dia do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, ela aproveitou para postar em sua página oficial no Facebook um agradecimento especial: às mulheres que estiveram ao seu lado.

Na postagem, Dilma comenta a retirada de flores da Alvorada, a qual chamou de "mesquinharia", seguida da ocasião em que recebeu flores de milhares de mulheres que foram ao Planalto para vê-la.

Dilma declarou ainda que acredita ser apenas a primeira de muitas mulheres que presidirão o Brasil.

"Eu sei que sou a primeira mulher eleita presidenta da República. Sei também que as mulheres têm se afirmado na nossa sociedade. Tenho certeza de que eu serei a primeira de muitas mulheres presidentas deste País".

A previsão é que o segundo dia do julgamento, que conta hoje com seis testemunhas de defesa no total, adentre o fim de semana.

No próximo dia 29, a Defesa da presidenta afastada Dilma Rousseff, afirmou que ela estará presente no Senado. Ela terá 30 minutos para sua fala, prorrogáveis a critério do presidente Lewandowski. Ela pode optar por responder ou não a perguntas. Se aceitar, cada senador que quiser poderá questioná-la por mais 5 minutos. Esse é o mesmo tempo que terão os advogados de acusação e de defesa.

A acusação terá 1h30 para iniciar a discussão. Depois, é a vez da defesa, que terá mais 1h30. Cada parte terá direito a 1h de réplica e a 1h de tréplica. Neste momento, os senadores também poderão se inscrever para falar por 10 minutos cada um.

Após, Lewandowski lerá um relatório resumido com os fundamentos da acusação e da defesa. Também poderão falar dois senadores favoráveis à condenação e dois contrários, por cinco minutos cada.

Ao final, os parlamentares farão votação nominal, no painel eletrônico de votação. Eles terão de responder "sim" ou "não" à pergunta: "Dilma Rousseff cometeu os crimes de responsabilidade?". Serão necessários 54 votos "sim" (dois terços dos 81 senadores) para que ela perca o cargo e Temer seja empossado de vez. Se a votação não atingir esse número, o relatório é arquivado e Rousseff volta para o cargo.

A hora dele tá chegando! Lula e Marisa são indiciados pelo triplex e sítio de Atibaia

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista. O petista é alvo de três investigações centrais na operação Lava Jato, em Curitiba, sede da investigação do esquema de cartel e corrupção na Petrobras. A ex-primeira-dama Marisa Letícia e o ex-presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto também foram indiciados.

Lula foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Dona Marisa, por corrupção e lavagem. A conclusão do delegado Márcio Adriano Anselmo é de que o casal "foi beneficiário de vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2,4 milhões referentes às obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris, bem como no custeio de armazenamento de bens do casal".

A apuração do inquérito teve como ponto central reforma realizada no tríplex, construído pela Bancoop (Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto - preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira, acusada de corrupção na Petrobras. Segundo a investigação, o ex-presidente seria o verdadeiro dono do imóvel. A defesa do petista nega e diz que a família tinha uma cota-parte em outra unidade do empreendimento e desistiu de comprar o tríplex sob suspeita.

É o primeiro indiciamento formal contra Lula nas apurações da Lava Jato em Curitiba. A conclusão do inquérito da PF, com o indiciamento dos investigados, antecede o passo de denúncia criminal a ser apresentada pelo Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos do caso em primeira instância. Os procuradores pediram 90 dias para oferecer denúncia no caso.

Lula foi alvo de condução coercitiva no dia 4 de março, quando foi deflagrada a 24ª fase da Lava Jato, batizada de operação Aletheia. Na ocasião, ele negou conhecer o engenheiro da OAS Paulo Gordilho, que teria participado da reforma da cozinha do tríplex e de outra propriedade que investigadores atribuem a Lula, o sítio de Atibaia (SP). Nesta quinta-feira (25) foi divulgada uma foto em que Gordilho aparece ao lado do petista.

Investigações
Outro inquérito, em fase final, investiga compra e reformas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, interior de São Paulo. O imóvel, segundo a Lava Jato, pertence a Lula e recebeu obras da OAS e da Odebrecht. Um terceiro inquérito da PF vasculha pagamentos e doações à LILS Palestras e Eventos e ao Instituto Lula.

A PF suspeita que a LILS e o Instituto receberam valores de empreiteiras contratadas durante os dois mandatos de Lula (2003/2010).

Investigadores da força-tarefa em Curitiba reuniram elementos para apontar a participação de Lula no esquema de cartel e corrupção que vigorou de 2004 a 2014, na Petrobras e que teria se espalhado em outras áreas do governo, como contratos do setor de energia, concessões de aeroportos e rodovias. Com base em uma sistemática de corrupção, empreiteiras, em conluio com agentes públicos e políticos da base, PT, PMDB e PP, em especial, teriam desviado de 1% a 3% em contratos das estatais. Um rombo de pelo menos R$ 6,2 bilhões, só na Petrobras.

Lula teria recebido "benesses" das empreiteiras do cartel, como Odebrecht, OAS e outras. Executivos dos dois grupos empresariais negociam desde o início do ano acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Lula vai a Brasília para corpo a corpo com senadores, mas só petistas querem recebê-lo

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou nesta quinta-feira (25) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá estar no Senado na próxima segunda-feira, 29, para acompanhar o depoimento da presidente afastada Dilma Rousseff na sessão do julgamento final do impeachment. Segundo o petista, Lula estará em Brasília no dia e se mostrou disposto a acompanhar de perto a fala de sua afilhada política.

"Nós pedimos para ele vir e ele disse que está disposto a acompanhar", afirmou o senador. Segundo Costa, a logística para vinda de Lula ainda não foi fechada. "Eu duvido que ele queira ficar dentro do plenário. Talvez fiquei lá em cima (nas galerias do plenário)", comentou. O senador disse que Lula também se dispôs a realizar "alguma tarefa" a favor de Dilma no próximo domingo (28).

"Ele disse que estaria na segunda-feira aqui em Brasília, mas que também está disponível para alguma tarefa no domingo", declarou o líder do PT. De acordo com o senador pernambucano, caso venha no domingo, o ex-presidente Lula poderá conversar com parlamentares e até com a presidente Dilma Rousseff antes do depoimento dela na sessão do julgamento final do impeachment.

O problema, é que os senadores que ainda se declaram indecisos ou não declararam seu voto na sessão que julgará Dilma não se mostram dispostos a receber o ex-presidente. A avaliação é que qualquer aparição ao lado do petista neste momento não trás benefícios à popularidade e cria revolta no eleitorado. Ninguém, exceto petistas, quer estar associado à figura boquirrota que se tornou Lula no meio político. Lula já é réu em processo que apura tentativa de obstrução da Justiça e novos indiciamentos na Lava Jato não estão descartados.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ditadura de Cuba quer cobrar 30% a mais do Brasil por médicos que obriga a trabalhar como escravos

A ditadura de Cuba e o Ministério da Saúde negociam um reajuste no valor pago aos profissionais do país que atuam no Mais Médicos. Hoje, cerca de 7 mil cubanos trabalham no Brasil por meio do programa.

O Mais Médicos tem profissionais de vários países. Mas Cuba é o principal fornecedor. No caso da ilha caribenha, o pagamento é feito ao governo do país comandado por Raúl Castro. Os médicos cubanos recebem apenas uma pequena parte do valor pago, o resto fica com a ditadura dos irmãos Castro.

O governo cubano quer agora um reajuste de 30% no valor pago por médico enviado ao Brasil. Já o Ministério da Saúde oferece 10% de aumento mais a correção da inflação brasileira a partir de 2017. Hoje, Cuba recebe cerca de R$ 10 mil mensais por profissional.

Há uma dificuldade adicional no aumento pedido por Cuba, segundo pessoas familiarizadas com o Mais Médicos: o reajuste atingiria também os médicos brasileiros que participam do programa e não poderia ser restrito aos cubanos.

Uma nova rodada de negociações entre o Ministério da Saúde e o governo cubano está marcada para setembro (a data exata ainda não está definida). A Organização Panamericana de Saúde (Opas) também participa da discussão.

Há, da parte dos cubanos, um certo mal-estar em relação ao governo interino de Michel Temer (PMDB). A ilha não tem simpatia pelo processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Por outro lado, o Mais Médicos e programas similares em outros países são uma importante fonte de recursos para o governo de Cuba.

Na negociação, o governo cubano alegará que sofreu perdas decorrentes da depreciação da moeda brasileira. Isso porque os recursos chegam a Cuba em reais e são convertidos em dólares americanos. Os cubanos precisam de moeda forte para pagar a importação de bens do exterior.

Há também uma desconfiança da parte dos cubanos de que o governo Temer planejaria conceder asilo político a médicos da ilha que vivem no Brasil. O temor foi manifestado a profissionais da saúde ligados ao PT. Nas contas dos cubanos, há cerca de 500 a 600 profissionais do Mais Médicos que poderiam aceitar uma proposta desse tipo. O Ministério da Saúde nega essa intenção.

PROGRAMA SERÁ MANTIDO, DIZ MINISTÉRIO DA SAÚDE
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde disse que negocia com o governo cubano e com a Opas com o objetivo de manter os profissionais daquele país que participam do Mais Médicos. Afirmou ainda que não há qualquer risco de o programa ser encerrado ou de ter sua abrangência reduzida.

Lula dispara asneiras e diz que 'Hoje está começando a semana da vergonha nacional'

Em ato na porta do estaleiro Eisa PetroUm, em Niterói (RJ), o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "hoje está começando a semana da vergonha nacional, com a tentativa de impeachment de Dilma (Rousseff, presidente afastada)". A uma plateia de trabalhadores do setor naval, Lula afirmou que o afastamento da presidente agride diretamente os seus eleitores e afeta o mercado de trabalho.

Segundo ele, "o único erro de Dilma foi ser honesta", prevalece no País o "complexo de vira-lata", referindo-se ao programa de privatização do governo Temer, que pretende repassar à iniciativa privada o controle de segmentos hoje operados pelo Estado.

"O que está em jogo, na verdade, é o direito desse País de ser grande. (Querem) desmontar a Petrobras, que fez a maior descoberta do mundo. Caindo a Petrobras, quebram as siderúrgicas. Tem que discutir isso a fundo. Separar os problemas econômicos, o problema do desemprego", discursou Lula por meia hora, com a voz ainda mais rouca do que de costume.

Antes de começar a falar, o ex-presidente pediu a ajuda da plateia, porque recebeu recomendação médica de manter-se mudo, por causa de uma irritação na garganta. "Se tivesse juízo, não estaria aqui. Mas nesses tempos difíceis, a gente não pode deixar de falar."

Críticas
Logo nos primeiros minutos, o ex-presidente criticou antigos aliados que se posicionaram a favor do impeachment de Dilma. "Um companheiro como o Crivella (Marcelo, PRB-RJ), que apoiei tanto, que fala tanto em Deus, não pode cometer essa deslealdade (com a presidente afastada) de quem foi ministro. Como outros que foram ministros. Fiquei muito triste com o comportamento do prefeito do Rio (Eduardo Paes, PMDB) e com o filho do Sérgio Cabral (Marco Antônio Cabral, PMDB-RJ)", afirmou.

Segundo ele, políticos do PMDB estão descobrindo "um jeito de chegar ao poder sem disputar voto popular". Sobre o presidente em exercício, Michel Temer, Lula disse não ter "nada pessoal contra" e que "seria digno" ele dizer que vai disputar as eleições em 2018 para saber se vai ser eleito.

Volta
Questionado após o comício se voltará em 2018, Lula respondeu: "Vamos ver. Vamos ver". Mas, à plateia de trabalhadores, sinalizou que permanecerá no cenário político. "Se mexer (com o trabalhador), o Lulinha Paz e Amor desaparece e volta o Lula para brigar."

Com a aparência abatida, durante um discurso curto comparado aos que costuma fazer, Lula disse que tem "consciência de que a vida e a natureza podem acabar com qualquer um". Em seguida, incitou os manifestantes à militância, completando que "com as ideias eles não acabarão", referindo-se aos opositores políticos.

Após acusação contra Toffoli e cancelamento de delação, Leo Pinheiro fica calado em frente ao Juiz Moro

O ex-presidente da empreiteira OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, permaneceu em silêncio nesta quarta-feira (24) durante depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba. Pinheiro é réu na ação penal da Operação Lava Jato em que o ex-senador Gim Argello é acusado de atuar para evitar a convocação de empreiteiros na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que já foi encerrada.

Ao juiz Sérgio Moro, Léo Pinheiro disse que não pretendia responder pergunta alguma e, "por orientação dos advogados", permaneceria em silêncio. Na segunda-feira (22), a Procuradoria-Geral da República (PGR) suspendeu a negociação do acordo de delação premiada de Léo Pinheiro, após a divulgação pela revista Veja de vazamentos da delação.

Na edição do último fim de semana, a publicação informou sobre uma suposta citação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em um dos anexos do acordo. O encerramento das negociações para a delação provocou polêmica entre o ministro Gilmar Mendes e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Dilma faz planos de 'fugir do país' após o impeachment, mas investigações da Lava Jato pode frustrá-la

A presidente afastada Dilma Rousseff já confidenciou a assessores mais próximos que tão logo seja afastada definitivamente do cargo, pretende se ausentar durante um período de oito meses do Brasil.

A informação é confirmada pela coluna da jornalista Mônica Bergamo do jornal ‘Folha de São Paulo’, que acrescenta que a ideia inicial de Dilma era permanecer este período entre países da América do Sul, como Chile e Uruguai, mas que ela já não descarta também fazer uma viagem pelo interior de países europeus.

A novidade causou estranheza na classe política, mormente agora em que as investigações da Operação Lava Jato avançaram definitivamente sobre a presidente afastada, em função das delações premiadas do marqueteiro João Santana e do empresário Marcelo Odebrecht. Imaginava-se que ela fosse cuidar com especial atenção da confecção de sua defesa.

Com a perda do mandato de presidente, Dilma perderá todas as regalias e o foro privilegiado a que tem direito. Com o avanço das investigações da Lava Jato, é possível que os planos de viagem da "ex-presidenta" sejam frustrados pelo Juiz Sérgio Moro e ela seja impedida de viajar para responder pelos crimes que lhe acusam nas delações premiadas até o momento homologadas.

"Martaxa" diz que 'limpa São Paulo em 6 meses'. Eleitor não esquece: Será que vem outra taxa do lixo?

Marta Suplicy, candidata do PMDB à Prefeitura de São Paulo, disse nesta quarta-feira (24) que firma um compromisso de limpar a cidade em seis meses. "A cidade está muito suja. Em seis meses a gente põe não só o centro como a cidade de outra forma", afirmou.

Marta visitou o Mercado Municipal onde conversou com comerciante e cumprimentou eleitores. O café da manhã começou com morango, passou por um sanduíche de mortadela e terminou com bolinho de bacalhau.

A candidata afirmou que considera que a cidade está muito suja. "Em seis meses a gente põe não só o centro como a cidade de outra forma", disse. Ela considera importante fazer uma revisão dos contratos com as empresas que fazer a coleta de lixo e uma maior fiscalização da limpeza. "A população também percebe que tendo um prefeito com a cabeça que tem que buscar uma meta, as pessoas começam a ficar preocupadas." Marta disse ainda que é preciso ter mais banheiros públicos na cidade.

Sobre a pesquisa Ibope divulgada na terça-feira (23), na qual Marta aparece com 17% e Celso Russomanno (PRB) tem 33%, a candidata afirmou: "Não tem nada certo quem vai para o segundo turno". Ela acredita que por ser uma campanha mais curta, a bagagem que ela acumula como ex-prefeita de São Paulo pode ajudar em seu favor.

Ptralha Zé Dirceu fica sem visitas por ter sido flagrado com carregador de celular na cela

O ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado federal Luiz Argôlo poderiam ter recebido penalizações mais severas por terem sido flagrados com um carregador de celular nas celas, afirmam funcionários do Complexo Médico-Penal de Pinhais (CMP), no Paraná, onde vivem os presos da Lava Jato.

No cubículo de Dirceu e Argôlo, foram encontrados um carregador de celular modelo Samsung, um cabo de som portátil e quatro pendrives, no dia 1º de agosto. As TVs nas celas dos presos da Lava Jato possuem entradas para conectar pendrives.

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Após o ocorrido, o conselho disciplinar do presídio decidiu enquadrar os dois em falta média, que significa uma punição de 20 dias sem visitas, de acordo com a Folha de S. Paulo. No entanto, os funcionários dizem que outros presos flagrados com componentes de smartphones têm sido enquadrados em falta grave — foram mandados para a solitária e tiveram zerado o tempo que contava para progressão de regime.

Em sua defesa, a direção do CMP disse que a decisão de enquadrar Dirceu e Argôlo em falta média está amparada na Lei de Execução Penal. Ouvidos pela Folha, trabalhadores contaram que Dirceu e Argôlo têm bom comportamento e isso pode ter influenciado na decisão do conselho disciplinar.

Agentes penitenciários também encontraram um pendrive com filmes na cela do ex-senador Gim Argello. Os aparelhos foram apreendidos e o conselho disciplinar ainda não definiu qual será a punição de Argello.

Besteiras da presidenta: Dilma se compara a Getúlio, que suicidou para não largar presidência

Às vésperas de ir ao Senado apresentar sua defesa contra o impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (23) que, graças à democracia, não foi "obrigada a se suicidar, como obrigaram Getúlio", em referência ao ex-presidente Getúlio Vargas, que, em 1954, suicidou-se sob pressão para renunciar ao cargo.

"Não renunciei porque hoje temos espaço democrático. Eles não me obrigaram a me suicidar, como obrigaram o Getúlio e não fui obrigada a pegar um avião e ir para o Uruguai como fizeram com o Jango [o também ex-presidente João Goulart]", disse Dilma em ato organizado pela Frente Brasil Popular, que reúne movimentos de esquerda, na Casa de Portugal, em São Paulo.

Evitando discurso de vitória no Senado e afirmando que o processo de impeachment tem sido "muito duro" para ela, a petista disse que "essa luta não tem data para terminar", já que a "maior vitória" desse período foi a que "aprendemos que a democracia não está garantida".

Dilma voltou a comparar o presidente interino Michel Temer e seu entorno a "parasitas", dizendo que se "considerarmos que a democracia é uma árvore, este golpe parlamentar é como um ataque de parasitas, que assumem lentamente o controle dessa árvore".

A presidente afastada afirmou que não vai ao Senado na próxima segunda-feira (29) "por causa de seus belos olhos", mas sim porque acredita na democracia. Dilma também disse que "lutou contra a tortura, contra um câncer e agora vai lutar em qualquer disputa".

Sem citar Temer e referindo-se aos senadores que decidirão seu futuro político, ela disse que "quando não se é capaz de passar pelo crivo do voto de um colégio eleitoral com 110 milhões de pessoas, se substitui esse colégio por 81 pessoas".

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Com suspeitas sobre Dias Toffoli, Ministério Público cancela delação premiada da OAS

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tomou uma decisão inédita: suspendeu as negociações de delação com o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, no âmbito da Lava Jato. Janot tomou a decisão sob o impacto da capa da edição de VEJA que está nas bancas. Na reportagem, VEJA informa ao longo de seis páginas que Léo Pinheiro, atendendo a um pedido de Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, mandou engenheiros da OAS examinar os problemas de infiltrações que o ministro estava tendo em sua casa. Depois disso, recomendou uma empresa de Brasília para fazer o conserto e, uma vez concluído o serviço, mandou que os engenheiros da OAS voltassem à casa do ministro para checar o resultado. Dias Toffoli, segundo a delação de Léo Pinheiro, pagou a empresa indicada pelo serviço, o que aparentemente mostra que, na transação, não houve nenhuma ilicitude. O caso é que ninguém faz uma proposta de delação para contar trivialidades. No momento em que a delação fosse homologada, o empreiteiro teria então de apontar os crimes e as provas.

Antes que se chegasse a essa etapa decisiva, o procurador Rodrigo Janot resolveu cancelar as negociações com a OAS. Sua decisão inédita – porque jamais se cancelou uma delação em função de vazamentos de qualquer espécie – foi, na realidade, uma resposta às suspeitas levantadas pelo ministro Gilmar Mendes. Na segunda-feira, Mendes especulou que o vazamento da delação para VEJA talvez fosse obra dos “próprios investigadores”. Disse Mendes ao jornal Folha de S. Paulo: “Não quero fazer imputação, mas os dados indicam que a investigação (do vazamento) deve começar pelos próprios investigadores. Estão com mais liberdade do que o normal”.

Em seu gabinete, durante conversa com jornalistas nesta terça-feira, Gilmar Mendes foi explícito. Atribuiu o vazamento a um “acerto de contas” dos procuradores. Isso porque Toffoli teria contrariado os procuradores quando mandou soltar da cadeia o ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e também decidiu fatiar a investigação sobre a mulher do ex-ministro, a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR). “Como os procuradores se sentem onipotentes decidiram fazer um acerto de contas”, disse o ministro. “Não há nenhuma censura imputável a Toffoli, mas tudo indica que ele está na mira dos investigadores”, prosseguiu. As declarações do ministro são as mais potentes até hoje disparadas por um membro do STF contra os procuradores da Lava Jato. “Não se combate crime com a prática de crime. É preciso moderação, que os procuradores calcem as sandálias da humildade”, disse Mendes. “Isso não vai prosseguir assim, a gente tem instrumentos para colocar freios. Isso já ocorreu antes no Brasil. O cemitério está cheio desses heróis”, completou.

Colocado sob suspeita, Janot reagiu, suspendeu as negociações e foi mais longe. Declarou que, na prática, não houve vazamento algum, pois o Ministério Público não recebera nada que pudesse eventualmente ter vazado. Disse Janot, durante uma sessão do Conselho Nacional do Ministério Público, nesta terça-feira: “O que eu posso afirmar, peremptoriamente, é que este fato não foi trazido ao conhecimento do Ministério Público. Esse pretenso anexo jamais ingressou em qualquer dependência do Ministério Público. Ou se trata de um fato que o jornal, ou um meio de comunicação, houve por bem publicar. Ou se trata de um fato que alguém vendeu como verdadeiro a este meio de comunicação e isso escapa da minha possibilidade de análise disto.”

A declaração de Janot parece uma manifestação de perplexidade, mas contém um truque retórico. Ele diz que a informação não pode ter sido vazada porque o anexo da delação não “ingressou” no Ministério Público. O termo remete a uma entrega formal de delação, quando se faz um protocolo e demais formalidades. Mas não é isso que VEJA noticiou. A revista informou que a proposta de delação da qual faz parte o anexo sobre Dias Toffoli fora “apresentada recentemente à Procuradoria Geral da República” e ainda não fora aprovada ou formalizada. Estava em negociação. A reportagem de VEJA informa ao leitor, mais de uma vez, que a delação era uma “proposta de delação” e que ainda não fora nem homologada. Dizer que o anexo não “ingressou” no Ministério Público é o truque retórico para negar a existência do anexo sobre Dias Toffoli. Ele existe, sim, e seus termos estão – ou estavam, até agora – sob negociação.

VEJA, naturalmente, conhece os bastidores do que se convencionou chamar de “vazamento”. Durante a apuração, a revista firmou o compromisso de manter suas fontes no anonimato — e vai manter o compromisso. A reportagem de VEJA teve acesso ao anexo da delação em que Léo Pinheiro mencionou o nome de Dias Toffoli. A expressão “ter acesso” significa que os repórteres de VEJA viram e leram o anexo. E apuraram que os termos do anexo estavam em discussão na proposta de delação de Léo Pinheiro. Por isso, VEJA mantém tudo o que foi publicado na edição que está nas bancas.

O dado mais intrigante na versão pública de Janot é sua decisão de cancelar as negociações com Léo Pinheiro. É intrigante não apenas porque é a primeira vez que o noticiário antecipando os termos de uma delação resulta em cancelamento das negociações. É intrigante, também, porque tem uma falha de lógica. Se nunca houve delação contra Dias Toffoli, se nunca houve anexo algum sobre o assunto, por que o procurador-geral cancelou as negociações? Por que não a manteve normalmente?

Em sua fala na reunião do conselho desta terça-feira, Janot dá uma pista das razões de sua decisão. Disse o seguinte: “Na minha humilde opinião, trata-se de um quase estelionato delacional, em que inventa-se um fato, divulga-se o fato para que haja pressão ao órgão do Ministério Público para aceitar desta ou daquela maneira eventual acordo de colaboração.” Com isso, fica claro que Janot acha que a divulgação da menção a Dias Toffoli é parte de uma conspiração — da qual VEJA participaria — para forçar que a delação seja aceita. Mas, se não passa de um “quase estelionato delacional”, volta-se à pergunta que não quer calar: por que cancelar a negociação? Não bastaria ao procurador aceitar a delação nos termos que bem entendesse – e desprezar o que a imprensa mentirosa e leviana noticia?

Às vésperas do impeachment, Lula se reune com MST para promover badernas no dia da votação

Na véspera do início da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula da Silva reúne-se nesta quarta-feira (24) com os sem-terra no maior assentamento do País, o Itamarati, em Ponta Porã (MS), informa a assessoria do movimento.

Segundo o MST, haverá presença de 'várias autoridades' no 'Ato Nacional em Defesa da Democracia e da Reforma Agrária'.

Os chamados 'movimentos sociais' aliados de Dilma, Lula e do PT pretendem reunir cerca de 60 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional, para vigília e pressão aos senadores no dia da votação do impeachment.

Esta não é a primeira vez que Lula recorre ao MST. No início do ano, quando ainda não se tinha certeza da instauração do processo de impeachment contra Dilma, Lula ameaçou convocar o MST e pedir ao seu líder, Stedile para "colocar o exército dele nas ruas". O impeachment saiu. As ameças continuam!

Após denúncia contra Tóffoli, STF reage com corporativismo

O vazamento de informações na delação premiada de Léo Pinheiro que envolvem o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), estão provocando uma crise entre a Suprema Corte e o Ministério Público Federal (MPF), de acordo com informações da coluna de Monia Bergamo, na Folha de S.Paulo desta terça-feira (23). Os magistrados estão diante de "algo mórbido que merece a mais veemente resposta", disse o ministro Gilmar Mendes.

Segundo Mendes, os investigadores induzem os delatores a dar a resposta desejada. "Não é de se excluir que isso (citação a Toffoli pela OAS) esteja num contexto em que os próprios investigadores tentam induzir os delatores a darem a resposta desejada ou almejada contra pessoas que, no entendimento deles, estejam contrariando seus interesses", disse à coluna.

Nesta segunda-feira (22), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou a suspensão das negociações do acordo de delação premiada de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e de outros executivos da empreiteira. Janot e outros investigados teriam se incomodado com o vazamento dos assuntos tratados no pré-acordo da delação. É a primeira vez que o procurador-geral determina a suspensão de um acordo de delação desde o início da Lava-Jato, em 2014.

O Ministério Público Federal (MPF) acredita que houve quebra de confidencialidade, uma das cláusulas do pré-acordo feito há duas semanas. Entre os procuradores, porém, a decisão de Janot em relação à delação de Pinheiro é vista como um ato político. Se não agisse para para evitar que a Lava Jato atinja ministros, Janot estaria comprando uma briga grande com o STF.

Documento da OEA é 'besta' e 'malfeito', diz o Itamaraty em reposta a pedido de explicações

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, chamou de "besta" e "malfeito" o documento com pedido de explicações sobre o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff enviado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

"A OEA mandou um documento besta, malfeito, e quem tem que responder a respeito de impeachment, evidentemente, é o Congresso. O impeachment não tem nada a ver com o Executivo, tem a ver com o Congresso", afirmou Serra, durante evento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), no Rio de Janeiro.

Os questionamentos foram feitos pelo secretário executivo da OEA, Mario López Garelli, ao Itamaraty após uma petição elaborada por parlamentares petistas na entidade, alegando que o processo de impeachment se trata de um golpe de Estado.

No recurso, parlamentares do PT pedem a suspensão do processo contra a presidente afastada até que sejam analisadas possíveis infrações. Ao anunciar a ação no órgão internacional, no dia 10 de agosto, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que a petição foi feita porque diversas instâncias do País já haviam sido provocadas, sem sucesso. "Uma das exigências da OEA é que tenha se esgotado todas as possibilidades no País", afirmou. No documento enviado ao Itamaraty, a OEA questiona a jurisprudência aplicada no processo, a possibilidade de recurso às decisões tomadas e a garantia de direito de defesa à presidente afastada

Ao criticar o pedido ontem, Serra acrescentou que o documento foi encaminhado ao Congresso. "Foi uma iniciativa do Congresso, uma decisão do Congresso brasileiro. Portanto, a OEA deveria ter se dirigido a eles e nós encaminhamos para eles", disse o chanceler.

O tucano qualificou de "bobagem" a afirmação de que o impeachment é um golpe de Estado, que circula no exterior. "Na verdade é um processo constitucional, levado pelo Congresso, supervisionado pelo Judiciário, e quem chegou perto pode ver isso. O Brasil é absolutamente democrático."

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Dilma diz que Temer tem pressa com 'o golpe' porque tem medo de denúncias em delação

Na semana do julgamento final de seu processo de impeachment, a presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou, em entrevista ao SBT, que a intenção do presidente em exercício, Michel Temer, e de aliados em antecipar a votação definitiva do afastamento é para evitar denúncias contra o governo interino.

"Por que eles têm tanto interesse em antecipar, em dias, o impeachment? Para mim, eles têm medo de uma delação que mostre claramente qual é o grau de comprometimento de quem meu julgamento beneficia: o governo interino, provisório e ilegítimo", afirmou ao programa Conexão Repórter, exibido na madrugada deste domingo (21).

As declarações são parte do documentário Crepúsculo no Alvorada, que acompanhou por três dias a rotina de Dilma no Palácio da Alvorada. Segundo o apresentador do SBT, Roberto Caprini, a entrevista exibida neste fim de semana foi gravada em 4 de agosto.

O Senado inicia nesta quinta-feira (25) a etapa final do julgamento da petista, que pode se estender por cinco dias. Na segunda-feira (29), a presidente afastada fará sua defesa pessoalmente. São necessários 54 votos dos 81 senadores para que Temer assuma o Planalto definitivamente até o fim deste mandato, em 2018.

Dilma é acusada de crime de responsabilidade pela edição de decretos sem autorização do Congresso e pelas pedaladas fiscais, atrasos de repasses do Tesouro Nacional para o Banco do Brasil no Plano Safra.

A pestista afirmou que tem conversado com senadores e vê a possibilidade de conseguir os 28 votos para se salvar. “Realisticamente, lutarei até o fim”, disse. "Jamais eu jogo a toalha".

Dilma voltou a dizer que não cometeu nenhum crime que justifique seu afastamento, mas reconheceu que cometeu “vários erros”. “Inclusive o de não perceber que iria ser traída do jeito que fui”, disse.

Lava Jato
Citada em delações no âmbito da Operação Lava Jato, a presidente afastada afirmou que não teme ser condenada e que não sabia do esquema de corrupção na Petrobras.

Sobre a confissão do publicitário João Santana, marqueteiro de suas campanhas, que admitiu ter recebido dinheiro de caixa 2, Dilma disse que não assumiria essa responsabilidade. "Não controlo e não sei como foi feito."

Dilma disse ainda achar uma "temeridade" a Justiça determinar uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Acho uma temeridade prenderem o presidente Lula, principalmente porque tenho certeza de que ele é absolutamente inocente das coisas de que é acusado. Acho que não será preso, acho que eles não cometerão esse equívoco."

Casa de R$ 8,6 milhões de Marcelo Odebrecht é bloqueada na Lava Jato para pagar corrupção

Ao longo dos últimos meses, por ordem do juiz federal Sergio Moro e a pedido da força-tarefa da Lava Jato, o empreiteiro Marcelo Odebrecht teve cerca de R$ 24 milhões bloqueados em bens, entre eles uma casa de R$ 8,6 milhões em São Paulo.

O empresário foi preso em 19 de junho de 2015. Condenado a 19 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, ele negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

O pedido de confisco de bens de Odebrecht foi feito pelo Ministério Público Federal em novembro de 2015. A decisão de Moro saiu em abril deste ano. Ao despachar sobre o confisco de bens, Moro afirmou que o empreiteiro foi "o principal responsável pelo pagamento das propinas" na empresa. Os confiscos estão sendo executados desde então.

Além da casa de Odebrecht, também foram confiscados sete carros da família avaliados em R$ 688 mil. Moro bloqueou ainda R$ 14,5 milhões em saldo de conta, ações e aplicações bancárias. Procurada pela reportagem, a Odebrecht não se manifestou sobre o assunto.


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