Segundo o advogado de Marcos Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, que acompanhou o depoimento, ele prestou informações que ainda não constam dos autos. “Não só o que ele diz, mas o que vai dizer, vai trazer mais gente para o processo e, com certeza, mais prisões vão acontecer”, disse o defensor em relação a Lava Jato. Ainda de acordo com Kobayashi, a conversa foi “muito produtiva” e os procuradores federais “ficaram muito satisfeitos”. Os dois procuradores de Brasília não quiseram conversar com a imprensa.
Relatório - Os dois procuradores federais enviados por Janot a Belo Horizonte pediram que a defesa produza um relatório com as informações que Valério tem e que apresente documentos que comprovem as acusações. “O próximo passo é entregar o relatório que estamos fazendo das pessoas que estão envolvidas imputando a elas cada conduta típica que tiverem no caso”, disse Jean Robert Kobayashi. Ele pretende entregar esse material pessoalmente a Rodrigo Janot.
Ainda segundo o advogado, Valério tenta uma delação neste momento tanto no caso do mensalão mineiro - que investiga desvio de verbas públicas para a campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), quanto na Lava Jato. No primeiro caso, o acordo é negociado desde junho, no segundo, segundo Jean Robert Kobayashi, as atuais tratativas começaram no último dia 12, quando Valério foi a Curitiba prestar depoimento ao juiz Sergio Moro na Lava Jato.
Lava Jato - Em Curitiba, Valério voltou a dizer que recebeu do ex-tesoureiro do PT Sílvio Pereira um pedido para fazer um empréstimo de R$ 6 milhões que seriam usados para pagar o empresário Ronan Maria Pinto. Valério diz que desistiu da operação – que seria usada para pagar uma chantagem que o empresário fazia com o ex-presidente Lula e com os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho – quando soube do conteúdo da extorsão. Para os investigadores da Lava Jato, Ronan Maria Pinto saberia de informações do assassinato do então prefeito Celso Daniel e chantageava o trio. O prefeito petista teria sido morto porque teria decidido acabar com um esquema de corrupção em seu governo que, supostamente, beneficiava o PT. O valor dos R$ 6 milhões, posteriormente, foi obtido com José Carlos Bumlai, junto ao Banco Schahim. O dinheiro teria sido usado por Ronan Maria Pinto para comprar o “Diário do ABC”. Segundo a Lava Jato, os R$ 6 milhões obtidos por Bumlai para o PT no Banco Schahim foram um empréstimo fraudulento, que seria pago com propina de contratos com a Petrobras.
Acordo de benefícios
Em contrapartida, Marcos Valério pede a transferência da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para uma Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), além da redução de pena em processos que responde e em outros que já foi condenado. Ele também deseja que futuras condenações não atrapalhem no processo de progressão do seu regime de pena. Desde 2013, ele cumpre 37 anos no caso do mensalão do PT.
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