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terça-feira, 9 de agosto de 2016

"Dilma administrou pagamento de propinas", diz jurista antes de sessão no Senado

Antes do início da sessão do Senado que irá decidir se o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff passa à fase final de julgamento, o jurista Miguel Reale Junior, um dos autores do pedido original de cassação da petista, rebateu as tentativas da bancada do PT de anular o processo.

Sem os votos para engavetar o parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) — nesta terça-feira, são necessários metade mais um dos senadores para dar continuidade —, os petistas vão apresentar questões de ordem na sessão pedindo a suspensão do processo devido à citação do presidente interino Michel Temer em uma delação de executivos da Odebrecht, ainda em etapa de negociação.

Temer teria solicitado R$ 10 milhões para campanhas do PMDB. Parlamentares aliados de Dilma também fizeram representação ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sugerindo que ele peça o afastamento do presidente interino. O argumento é de que, pela lei, ele poderá ficar blindado de investigações pretéritas ao mandato caso seja efetivado no cargo de chefe do executivo.

— Isso não tem pé nem cabeça, suspender porque houve uma informação de uma delação. Se for por isso, vamos pegar também a informação de que o marqueteiro (João Santana) diz que Dilma não só sabia do dinheiro vindo da Petrobras, que alimentou a campanha de 2014, como ela administrou o pagamento de propinas no exterior. E era dinheiro da Petrobras. Se é para ter um pano de fundo para julgar o impeachment, vamos lá, vamos aumentar. Assim passamos o Brasil a limpo de vez — rebateu Reale.

O caso citado pelo jurista envolve o marqueteiro João Santana e a esposa dele, Mônica Moura. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, eles admitiram terem recebido recursos ilegais no exterior como forma de o PT quitar dívidas por serviços de campanha. Eles foram liberados da prisão em 1° de agosto e Mônica está negociando o fechamento de uma delação premiada.

O senador Raimundo Lira (PMDB-PB), que presidiu a comissão do impeachment, afirmou nesta terça-feira, no Salão Azul do Senado, que não acredita em ambiente propício para o acatamento das questões de ordem do PT. Isso porque o parlamentar enviou, ainda na fase da comissão, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, 18 recursos dos aliados de Dilma, todos rejeitados. E a sessão desta terça-feira do Senado será conduzida justamente por Lewandowski, que, por determinação da lei, assume a condução dos ritos finais do impeachment.

— Se as questões de ordem forem similares às julgadas na comissão especial, acredito que serão rejeitadas — explicou Lira.

A sessão estava prevista para começar às 9h desta terça-feira, mas atrasou. O cronograma indica que, a cada quatro horas de sessão, haverá uma de intervalo. Como a projeção é de os trabalhos durarem 20 horas, é possível que a votação ingresse madrugada adentro.

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